Depois do Brega, Carimbó e Guitarrada, é a vez do Siriá, enquanto gênero musical, ser reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do Pará. O governador Helder Barbalho sancionou a Lei 9.564, com publicação no Diário Oficial do Estado. De autoria da deputada estadual Dilvanda Faro (PT), a Lei foi proposta a partir do Projeto de Lei 391/2021, o qual foi aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), em abril.
Originário de Cametá, o gênero quase foi extinto. Porém, o multi-instrumentista Joaquim Maria Dias de Castro, mais conhecido como Mestre Cupijó ousou em transformar o gênero popular do interior do estado em sucessos musicais com a inserção de elementos inovadores.
Para que o Siriá não desaparecesse, Cupijó acelerou a batida e incluiu arranjos de sopro, agregando, ainda, a influência caribenha, como o mambo e o merengue. Sua adaptação fez sucesso na década de 1970 e chegou a ser regravado por artistas como Fafá de Belém e por Roberto Leal, conquistando sucesso em nível nacional.
“O projeto foi pensando para preservar a cultura popular do nosso estado. O cametaense Mestre Cupijó foi o responsável por reinventar o Siriá para que ele não fosse extinto e nosso papel, enquanto cidadãos, é manter viva essa tradição”, pontua Dilvanda Faro.
Filho de Mestre Cupijó, Oswaldo Castro reúne na sala de sua casa o acervo deixado pelo pai, visando a criação de um museu. “Mestre Cupijó é uma figura importante da música paraense e brasileira. Ele divulgou muito o Siriá que, naquele momento, poderia ter sido extinto, e ele teve a visão de colocar o gênero em discos para que todos pudessem conhecer. É importante para a cultura paraense ter o Siriá reconhecido. Ter uma das suas principais manifestações culturais reconhecidas é uma honra para o povo cametaense”, diz.
Resgate cultural
Para resgatar a história do Siriá, em 2019, foi lançado o longa-metragem “Mestre Cupijó e seu Ritmo”, produzido pela cineasta paraense Jorane Castro, sobrinha do músico. Após o falecimento do tio, ela conversou com a família sobre o desejo de realizar o documentário, mostrando também a história da banda “Azes do Ritmo”.
Além de músico e compositor, Cupijó foi vereador e advogado. Morreu em Belém no dia 25 de setembro de 2012, acometido por um câncer. Afastado dos palcos por conta da doença, ele reclamava do ostracismo.
O Pará já reconhece como patrimônio a manifestação folclórica do Siriá, com destaque para a dança coreográfica, por meio da Lei 8.453/2016.
FONTE: DOL On-line